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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Exclamation point!




Uma inesgotável fonte de energia alternativa nessas vísceras. E desse corpo, de tudo, de vontade, de querer não fazer paz com choro que já secou. Dessa alma de temperamento quente demais para segurar entre os dedos e esfriar segunda-feira torta. Disso tudo, eu, com minhas garras cortadas. Umbigo para abraçar goles e goles de emoção e anseio. Fundo de aspirações prolongadas em sussurros de versos sem rima e sem ordem. Fera solta dentro de mim. Garras cortadas para não convencer ninguém, não é preciso nada disso pra não seduzir mágico sem cobra e coelho. Que eu sinto essas vísceras de cantos, silêncios, meias e universos que me sugam para a ponta do abismo de mim onde não existe tempo para perder com carro emperrado nas minhas curvas. Não sei mais como dizer o quanto eu não quero isso plastificado. Em quantas cores eu já me desbotei na tentativa de ir mais longe, encontrar uma escada sem degraus de mim e de alguém, procurando chãos aos céus de mim e dele. Porque não sei. Não sei quais palavras usar; eu não tenho novas maneiras de descrever explosões, implosões, exteriores, interiores. Existe é uma bomba na minha boca, todos já sabem... Eu mal posso evitar, pois está na dor de quem inflama e vira coisa derretida, pedaço, capa. Escapa e cai pela janela, a altura e o cabaré com sofá de couro. Minha cara pintada, unhas ainda marcadas com aqueles dedos moços e felicidades engarrafadas também largadas ao lado esquerdo. É impossível não saber. Não me saber de cores, versos e ventos ao avesso. Nas sextas-feiras tortas de saia rodada e sussurros para dentro. Saio um pouquinho de mim, ofereço um beijo aguardado e o vejo correr. Aquele menino fazer cara de quem quer mais calda de chocolate no bolo, uma cereja descomportada no prato, mais uma vela para assoprar antes de crescer. Tantas coisas, tantas cores desbotadas para nascer domingo antes da quarta ser uma flor comigo. Como se não houvesse mais espaço - e sempre há. Só não sei onde vai dar. Onde vou me dar de fundos e profundidões arrancadas. Vendo esse mundo me encarar bonito, me apertar, me enrolar, me queixar uma falta de algo assim, sei lá. E quando jogo as pétalas na chuva sou sereno apressado, talvez arco-íris para tempo fechado; mania de clarear essa minha e do sol... E as tais ‘garrafas de ficar mais um pouco’ vão sempre deixando, me deixando mais um pouco, por engano.
Olhos se revoltam e todas as ruas estreitas de pecados e difamações vão me dando motivos para correr. E esse andar minucioso é o princípio do choro no banho.Sempre me nasce, amanhã é outro eu mais, assim, banhada. Porque esse agora é o cheiro da cor queimada nas minhas entranhas. E nunca sei o que dizer ou fazer quando trêmula de todos os corais do mar me vejo distante do que de fato sei que sou. E eu que cheguei aqui perfumada e penteada. Disfarcei olhos profundos e encobri cicatrizes; tenho uma marca no braço para não ter que te explicar nada. Tá tudo claro. E mais clara eu cheguei antes do festival.
Estavam todos esperando alguma coisa acontecer, um beijo desses de torcer a cabeça, uma mão para apertar a bochecha e ser simpática. Acho que sempre acertei na forma como entrei, acho que superei as expectativas daquela minha ansiedade de não ser uma letra de música para ouvir gritada; talvez eu tenha me saído bem na voz e na cintura comportada. Mas, como todo movimento de cherry bomb, algum momento para o laço estourar e a borboleta em cima do meu peito voar. Nada programado. Cheguei em passos lentos de conversar o que foi proposto. Eu ali no barzinho ao lado, um café no copo, 50 centavos pelo melhor gole negro, forte e quente. Acima de mim umas coisas tolas como que me perguntando até quando eu vou manter o cabelo penteado e as bochechas coradas. Foge do meu controle, e eu não tenho mesmo controle algum disso que você amassa com os dedos, tentando me convencer a te contar alguma coisa que não saiba; te ensinar a dizer a verdade. E, baby, isso eu fiz naquele papinho de ser você mesmo e não se preocupar. Sua idade, sua carência, seu medo de perder a partida, distraída com seus meios de se rebelar. Sua revoltinha para guardar em capas que envolvem guitarras que não possuem som algum pra mim Talvez você saiba. Talvez você saiba que não se trata de alguma coisa para saber comigo.  É com você. Eu cheguei aqui simpática e penteada com uma bolsa grande que parecia capaz de me proteger. Foi o que você disse quando me viu atravessar mais uma das muitas ruas que eu já atravessei, enquanto alguém me observava chegar à calçada. Mas eu vou mais além. Você não tem idéia do que eu encontro do outro lado, de quantas vezes já dobrei a esquina, de como eu me sinto quando parto. E de quão forte fico a cada esquina dobrada.
Eu e minha bolsa grande te mandamos um abraço. Meu cabelo loiro ‘looks like a blond girl’ nunca teve essa pretensão de afrontar, provocar. Eu e meus cabelos que facilmente bagunçam com o vento, mandamos um recado direto sem pretensões de te explicar algo...Tenho uma boca vermelha para não dizer nada, simplesmente não dizer mais nada.
Posso até não poder controlar o coração que sente sua presença como se importante fosse, mas é de mim, da mulher cheia de sextos sentidos que habita meu novo corpo e sei que também tenho alguma coisa de ameaçadora, meio estrela... e também tenho asas, imensas, duplas, quádruplas, múltiplas, espalhadas em várias cores atrás dos cabelos loiros. E estarei lá parada no céu, a nuvem-anjo, abençoando o sol, o rio, o céu sobre nossas cabeças, a cidade longe. Cheia de LUZ!!! É as fadas também existem baby.

(Rizoma de Caio F. Abreu e Clarice L. and me.)

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