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terça-feira, 28 de setembro de 2010

LOMBINHO DEFUMADO

Há dias tenho tentado escrever, mas acho que minha indignação é tanta que não saem palavras, fico catatônica... mas hoje...hoje foi impossível não escrever nada sobre o que vem acontecendo com o mundo... aliás com o meu mundo, porque o dos outros eu não entendo, e nem poderia, acho que está tudo ao contrário...
Mas hoje eu precisava falar , eu precisava gritar...
Sabe quando o que tem dentro da gente é maior do que o que tem fora???
Daí dá uma vontade de transcender. Ir pra lá...
É isso que eu queria: ir pra lá
- Pra onde?
Pra qualquer lugar onde eu possa gritar bem alto... e respirar bem fundo sem me intoxicar...

To me sentindo um lombinho defumado, cozido e pesado... cujo cérebro parou em meio à fumaça aspirada.

Pra esse lugar virar deserto só faltam os camelos e as dunas... aliás no deserto não há vegetação para queimar, então há por lá um ponto de vantagem, por aqui ainda há verde pra queimar, e eles queimam... queimam... queimam...
Cáceres se tornou uma chaminé... aliás o Mato Grosso vai deixar de ser Mato e se tornar Cinza Grossa... porque é só isso que vai restar... cinzas... e mais pó pra somar a poeira que já existe...
Eu deduzo que as pessoas acordem de madrugada só pra colocar fogo em seus quintais e adjacências, só pode... porque mesmo durante a noite pode se ver a névoa de fumaça que se espalha no céu, que desde madrugada já nos coloca numa sensação térmica pior que a do inferno, lá pelo menos na há mosquitos... Já aqui...
Nem sei dizer o que vem primeiro, se minha indignação contra as queimadas domésticas e florestais e aí uma tristeza infinita com o fato de as pessoas estarem acabando com a coisa mais preciosa que temos ou vice-versa...
Na verdade esse meu sentimento cinza é da cor desse céu de setembro, ainda temos tempo pra ficar na fumaça... ainda há tempo para esses seres impregnar sua maldade com a mãe das mães, a natureza...
Cada vez que paro pra pensar fico numa tristeza infinita que envolve tanta coisa...
Há ainda esse período pré-eleitoral, e toda a cafajestagem que aparece a cada horário eleitoral. E a graça é tanta que pareceria um programa de humor se não fosse trágico pensar que são esses palhaços que vão nos representar perante as hierarquias da democracia fajuta que existe nesse país.
Pois bem, nem sei o que é pior, aliás, se é que os dois não estão em pé de igualdade, NE? Afinal, se houvessem políticas públicas para o enfrentamento e combate ao fogo criminoso, provavelmente estaríamos respirando melhor nesse setembro enfumaçado.
Há fumaça na minha caminhada, há sentimento cinza e olhos ardendo nas noites quentes dessa primavera... E as notícias não são animadoras... as chuvas ainda não virão... mas as eleições sim...
Dessa vez eu queria poder ter um candidato ambientalista pra poder votar nele, queria poder pedir pra que medidas de urgência fossem tomadas... queria pedir pra pouparem a natureza.
Não tenho um candidato pra votar, aliás nem sei em quem vou votar ainda, a coisa ta tão difícil que o lema poderia até ser “De ruim por ruim, vote em mim...”, quase como um tiririca da vida, que está praticamente eleito com um tema repugnante do tipo “eu não sei o que faz um deputado, nem vc, então vota em mim pra gente descobrir...” ou “quero ajudar as famílias carentes, inclusive a minha...”
De fato, o Jô tem razão “De humorista por humorista, vote num profissional”...
Quem sabe esse cara faça alguma coisa decente pelos outros não-familiares...
Só sei bem que já não respiro direito há dias, é uma falta de ar que vem da fumaça que tomou conta do ar e uma asfixia causada pelo enjôo que me dá toda vez que eu vejo deputado apertando a mão de pobre na rua... hipocrisia... pão e circo, em pleno século XXI.
Me indigna profundamente saber que em plena evolução tecnológica, o homem não é capaz de respeitar a única coisa pela qual a tecnologia não tem feito nada, a natureza... e me indigna ainda mais saber que vai continuar assim porque a cada eleição a única coisa que muda é meu sentimento de esperança, que cada vez está mais falido... assim como nosso sistema.
Só sei que não voto em corpo vazio e não ponho fogo em nada, muito menos naquilo que tenha vida... não mato a natureza e não contemplo politicagem de safadeza...

Pra ser sincera, nem sei ao certo o que dizer, a minha catarse é tão grande que fico sem palavras...
Fico tentando me exorcizar... botar pra fora a fumaça que engoli... pra pensar melhor, com clareza... Mas esse espetáculo pré-eleitoral faz minha razão entrar em colapso. Trata-se de uma peça teatral aonde somos apenas o público, sem direito a opinar na fala dos atores ou sequer modificar o roteiro da peça... Está errado.

A política deveria sim ser um espetáculo, mas de democracia, cultura, conhecimento, e quem deveria decidir o roteiro, éramos nós, eu, você, cidadãos comuns...

Mas sinceramente, o que se pode esperar de uma população que não possui sequer consciência ambiental, aliás consciência de sua saúde e os malefícios que o fogo causa...
Sinceramente, a população tem os candidatos que merecem...
O povo tem o governo que merece...
E se sobrevivermos à esse setembro, no próximo mês votaremos em quem nos convenceu mais, em quem for melhor ator, porque o círculo não vai parar enquanto não houver de fato consciência cidadã...

Quem não respeita o mundo que habita e os animais que vivem nele, não pode ser capaz de fazer boas escolhas, porque já começou fazendo a pior, a de ser alheio à vida.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um dia de Alice


Eu... eu... nem eu mesmo sei, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então.

(C. S. Lewis em ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - conselho de uma lagarta)


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Uma casca de Nós

Desenterrando pneus
A borracha velha torturada
Pelas estrias de aço escovado
Anda com seu manto negro
Parte em busca dos refugiados
A pátria parida apodreceu
Em cada esquina escancarada uma
Velha estrada esburacada
São os dentes do futuro
São as catracas da sucata
São os sovacos de deus
Escorrendo filetes de suor
Enegrecidos pela fuligem carbonária



(Marcos Vinícius Leonel)

Em analogia Hawkiniana.... Yeah! baby, tudo tem recheio!!!! 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Essa coisa de se fazer ser...


Minha bagunça mora aqui dentro, pensamentos dormem e acordam, nunca sei a hora certa. Mas uma coisa eu digo: eu não paro. Perco o rumo, ralo o joelho, bato de frente com a cara na porta: sei aonde quero chegar, mesmo sem saber como! E vou. Sempre me pergunto quanto falta, se está perto, com que letra começa, se vai ter fim, se vai dar certo. Sempre questiono se você está feliz, se eu estou bonita, se eu vou ganhar estrelinha. Não gosto de meias palavras, de gente morna, nem de amar em silêncio. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho tpm. Sou viciada em gente, chocolate, sorvete, praia. Eu vivo para sentir. Sou intensa, exagerada, atrevida, curiosa, doce, ácida, tenho milhões de reticências. Aprendi que palavra é igual oração: tem que ser inteira senão perde a força. E força não há de faltar porque aqui dentro eu carrego o meu mundo. Sou menina levada, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu... Escrevo escondido, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. E eu amo. Amo igual criança. Amo com os olhos vidrados, amo com todas as letras. AMO. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Sem censura. Eu nasci assim: conheço o fim e improviso o meio. Falta de juízo? Não sei. Preciso sentir antes de pensar. Só depois ajo. E vivo como vive quem planeja: bato a cabeça do mesmo jeito. Arrisco. Machuco. Choro. Dou gargalhada. Costuro. Me reconstruo. Me conheço. :}
Nada do que eu fiz até aqui foi morno! Não gosto de nada quebrado a frieza. Gosto do que me gela a coluna e me esquenta a alma! Não me venha com meios termos! Meu cérebro só identifica e compreende termos inteiros. Eu vivo sentindo e na intenção de sentir e aquilo que não me acrescenta nada, que não me faz mudar meu estado de espírito e nem levantar o olhar também não me serve! Sou avessa a tudo aquilo que não me tira o fôlego!
Sou atrevida de nascimento e em muitos momentos calculista por escolha. Não gosto de reticências, só as minhas, dos outros prefiro pontos de exclamação. Nada em mim é básico. Talvez exista algo de normal apenas para disfarçar. Sei ser meiga e afável, mas também sei bem onde guardo a indiferença. Tenho ótima memória, principalmente para palavras pronunciadas e atitudes tomadas. Santa? Quando quero. Demônio? Quando preciso! E no meu livro da vida, rasgo páginas, colo outras e vou seguindo assim, dançando, conforme a música que eu mesma compus!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sobre a BELEZA...



(...) A beleza é uma forma de gênio...mais elevada até do que o gênio, pois dispensa explicação. Pertence aos grandes fatos do universo, como a luz do sol, ou a primavera, ou o reflexo, nas águas escuras, dessa concha de prata que chamamos de lua. A beleza não sofre contestação. Tem o direito divino de soberania. Torna príncipes os que a têm.Sorri, senhor Gray? Ah! Não tornará a sorrir quando perder a beleza...Diz-se por vezes, que a beleza é apenas superficial. Talvez seja. Mas pelo menos, não é superficial como o pensamento. Para mim, a beleza é a maravilha das maravilhas! Só os espíritos fúteis não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível (...)

Oscar Wilde; Livro: O Retrato de Dorian Gray







quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sol de Setembro


"(...)Primavera
Tudo quer se experimentar
Todas as fronteiras
Querem evaporar
Quem não se encarar com amor
Vai terminar ovelha
No bolso de um pastor

É Setembro
Tudo tenta se superar
E cheia até a beira
A vida quer jorrar
Quem não se encarar com amor
Vai fazer besteira
Na esteira do rancor

Um mundo sem fome mais
Sem opressão
Sem tráfico, sem terror
E com união/educação

Primavera
Tudo no vermelho e sem luz
Mas se alguém pergunta
Dizemos tudo azul
Na TV alguém da Maré
Uma brasileira
Diz ser feliz e é

Um mundo sem fome mais
Sem opressão
Sem tráfico, sem terror
E com união/educação(...)"

Setembro - Marina Lima


- Sol de primavera, escancaraaaa as janelas do meu peito -
Porque Setembro chegou e trouxe com ele uma pouca chuva de refrescar a alma na madrugada bonita e quente de fim de outono... é a primeira apontando e as esperanças se renovando... É o fim do encosto de Agosto!