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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Súbito Poético.

Indelével. Um grito pro mundo ou a página de um livro. Plástico. Amor, então. E das poesias, juventude clichê e soluções drásticas. Primeiro estranha-se,
são surtos poéticos, monólogos de aspirina, cartas pra niguém. Amigos Magicos. Andarilhos errantes. Um cansaço verde. Inefável. Fotografando meu mundo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O que importa afinal?!

"(...) Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia (...)"

(Clarice Lispector, in: Uma Aprendizagem ou O Livro do Prazeres)



De fato, temos nos feito seres inteligíveis e midiáticos, distantes da verdadeira verdade.
Temos sido bêbados equilibristas diante de nossa própria virtude de amor.
Temos feito chacota do que realmente vale a pena e temos fingido piamente que não sentimos nada.
Vivemos como se sentir fosse vergonha, e ser apático e frio fosse força!
Vivemos intrincados numa falsa ideologia de nós mesmos.
Quem sois???
O que fazes de ti???
Sabeis que vossa verdade está dentro e não fora?
Que vida é essa que dedicaste à aparência??/
'O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?"



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Aleijado às Avessas




“Vejo e já vi coisas piores: e as há tão
espantosas, que não quereria falar de
todas elas nem também calar-me sobre
alguma, a saber: há homens que
carecem de tudo, conquanto tenham
qualquer coisa em excesso − homens
que são unicamente um grande olho, ou
uma grande boca, ou um grande ventre,
ou qualquer outra coisa grande. – A
esses chamo eu aleijados às avessas.



Quando, ao sair da minha solidão,
atravessava pela primeira vez esta
ponte, não dei crédito aos meus olhos,
não cessei de olhar e acabei por dizer:
‘Isto é uma orelha! Uma orelha do
tamanho de um homem!’ Acercava−me
mais, e por trás da orelha movia−se
algo tão pequeno, mesquinho e débil
que fazia compaixão. E efetivamente: a
monstruosa orelha descansava num
tênue cabelo esse cabelo era um
homem! Olhando através de uma lente
ainda se podia reconhecer uma cara
invejosa, e também uma alma vã que se
agitava no remate do cabelo. O povo,
contudo, dizia−me que a orelha grande
era não só um homem mas um grande
homem, um gênio. Eu, porém, nunca
acreditei no povo quando ele me falava
de grandes homens, e sustento a minha
idéia de que era um aleijado às avessas
que tinha pouquíssimo de tudo e uma
coisa em demasia”.


(Trecho de Assim falou Zaratrusta - Friedrich Nietzche)
E como tudo o que vem de Nietzche... dramático, clandestino, forte, real...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Esse tal de ROQUE ENROW



"Quem é Ele?
Esse tal de Roque Enrow!!
Um planeta, um deserto
Uma bomba que estourou..." (Rita Lee)


13.07
Dia  do ROCK.

Saudações aos deuses do Rock 'n Roll !!! Viva a eterna Janis, o fantástico Jim Morrison, o deus Fred Mercury, o maravilhoso Elvis... e por aí vai....
Vida Longa à Música Boa...
vida longa à MUSICALidade!!!!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Roda Gigante

Sábio Zé...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Deixa andar.

Ela ficava ali, entre livros, sonhos, fotos, histórias, papéis, lembranças, planos, vertigens paradoxais. Tivera lido no horóscopo que era tempo de mudança, tempo de rever anseios. Ela o faria. Faria porque precisava, porque queria, porque reconhecia que havia tempos que seus dias repetiam um movimento em algum momento.
Detestava admitir que era humana às vezes. Mas era preciso.
Novamente cortou as madeixas, agora sem dó nem piedade. Queria ser um novelo de luz que se desenrolara por dentro, cheia de paz!
Faria o (im)possível para soprar o pó que cobria aquilo tudo...
Era a Era de Aquário apontando sua calda mágica.
Tinha a força dos astros e a beleza da mãe natureza. Podia enfrentar o mundo. Bastava querer. Ela queria!!!
Ela tinha encontrado mais um de seus pedaços. Podia costurar novos retalhos e fazer-se inteira um pouco mais.
Tudo o que queria agora, era desconstruir certezas.
Sabia que o que a vida gosta de ensinar mora ali, nas entrelinhas dos dias.
Porque Zé, transformar o tempo em saudades que sabem sorrir, também é fé...
e que os pesos, a gente vai pendurando pelas quinas de escolha.
é que flutuar no caminho, zé, é liberdade querendo despontar.
E agora cada frame de instante seu, poderia ser decomposto
em milhares de partículas intensas amanhecendo... Faria sua própria aurora boreal.
o que era deveras urgente, ficou adormecido. Mas agora ela o fizera cantar com o galo do amanhecer.
E Zé, o som ecoou forte como um sino. Era o segredo da magia. Era um lumisial...
é que agora, Zé, ela mora no caminho.
continua a tocar estrelas, mas o que tá de sobra, ela vai agora guardar na manga, ou então jogar fora...
porque dentro, Zé, ela quer guardar só o que faz sorrir.
É a disciplina dos pensamentos overdosados, é a busca pelo Samadhi.
é uma mente toda feita de palavras,
que insistiam em brincar entre si.
Mas agora Zé...

deixa andar...

deixa calar...

porque o ponto mais importante, é ir, sobretudo, em frente, para além mar!!!


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Para além do óbvio


Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra "tertúlia" e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio.
Não sei sobre o que estou falando. Estou falando de nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.

(Clarice L.)