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sábado, 20 de março de 2010

Convite à Filosofia ( O senso comum)


O Sol é menor do que a Terra. Quem duvidará disso se, diariamente, vemos um pequeno círculo avermelhado percorrer o céu, indo de leste para oeste?
O Sol se move em torno da Terra, que permanece imóvel. Quem duvidará disso, se diariamente vemos o Sol nascer, percorrer o céu e se pôr? A aurora não é o seu começo e o crepúsculo, seu fim?
As cores existem em si mesmas. Quem duvidará disso, se passamos a vida vendo rosas vermelhas, amarelas e brancas, o azul do céu, o verde das árvores, o alaranjado da laranja e da tangerina?
Cada gênero e espécie de animal já surgiram tais como os conhecemos. Alguém poderia imaginar um peixe tornar-se réptil ou um pássaro? Para os que são religiosos, os livros sagrados não ensinam que a divindade criou de uma só vez todos os animais, num só dia?
A família é uma realidade natural criada pela Natureza para garantir a sobrevivência humana e para atender à afetividade natural dos humanos, que sentem a necessidade de viver juntos. Quem duvidará disso, se vemos, no mundo inteiro, no passado e no presente, a família existindo naturalmente e sendo a célula primeira da sociedade?
A raça é uma realidade natural ou biológica produzida pela diferença dos climas, da alimentação, da geografia e da reprodução sexual. Quem duvidará disso, se vemos que os africanos são negros, os asiáticos são amarelos de olhos puxados, os índios são vermelhos e os europeus, brancos? Se formos religiosos, saberemos que os negros descendem de Caim, marcado por Deus, e de Cam, o filho desobediente de Noé.
Certezas como essas formam nossa vida e o senso comum de nossa sociedade, transmitido de geração em geração, e, muitas vezes, transformando-se em crença religiosa, em doutrina inquestionável.
 
 
 
A astronomia, porém, demonstra que o Sol é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que se move em torno dele. A física óptica demonstra que as cores são ondas luminosas de comprimentos diferentes, obtidas pela refração e reflexão, ou decomposição, da luz branca. A biologia demonstra que os gêneros e as espécies de animais se formaram lentamente, no curso de milhões de anos, a partir de modificações de microorganismos extremamente simples.
Historiadores e antropólogos mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, filhos; esposa, marido, irmãos) é uma instituição social recentíssima – data do século XV – e própria da Europa ocidental, não existindo na Antiguidade, nem nas sociedades africanas, asiáticas e americanas pré-colombianas. Mostram também que não é um fato natural, mas uma criação sociocultural, exigida por condições históricas determinadas.
Sociólogos e antropólogos mostram que a idéia de raça também é recente – data do século XVIII -, sendo usada por pensadores que procuravam uma explicação para as diferenças físicas e culturais entre os europeus e os povos conhecidos a partir do século XIV, com as viagens de Marco Pólo, e do século XV, com as grandes navegações e as descobertas de continentes ultramarinos.
Ao que parece, há uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento científico.  Então porque nos satisfazemos com o que nos é imposto?
Outro dia eu ouvi uma frase que cabe perfeitamente para responder à esse questionamento: “Existem mais crentes do que críticos porque é mais fácil acreditar do que criar”...
A frase é perfeita para explicar esse fenômeno anti-ufânico, vemos milhões de informações todos os dias, em todos os meios de comunicação, e sequer investigamos se tais informações tratam-se da verdade nua e crua ou se da mais pura enrolação.
Ocorre que não estamos preparados para ir contra o senso comum, temos preguiça intelectual, detestamos ter de parar pra pensar nas coisas.
Nossa educação também funciona baseada nessa lógica, nossos professores nos ensinam as disciplinas seguindo uma rígida didática impositória. Eles não nos ensinam a pensar...
Somos obrigados a decorar datas, fórmulas, conceitos, mas não aprendemos a aprender. Não nos educam para sermos pensadores, nos educam para sermos reprodutores de informações, apenas repetindo o que já foi criado.
Mas merecemos e precisamos de mais do que isso. Precisamos aprender a pensar, precisamos aprender a raciocinar.
Na verdade precisamos de mais senso crítico do que de aceitação.
Não podemos nos conformar com tudo que nos é colocado como se verdade fosse, precisamos verificar a veracidade das coisas e tentar analisar por vários pontos de vista. Quem sabe assim poderemos ter nossa própria opinião sobre a vida e as questões relacionadas à ela. Creio que os grandes filósofos nada mais eram que grandes curiosos que puderam, através de muita pesquisa e análise, compreender o óbvio pelas suas próprias conclusões, quebrando barreiras e indo além do que já havia sido imposto.
 
“Toda unanimidade é burra” (Ufano)

                          MENOS MASSA DE MANOBRA
                                 MAIS MASSA CRÍTICA

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