Pages

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Os herois urbanos estampados em séries policiais


Hoje bem no meio da minha hora de almoço, quando fujo absolutamente do mundo e me escondo no cheiro bom da minha casa, estava vendo uma propaganda na SONY - (mundo burguês de canais fechados com conteúdo bem mais cult e menos populistas que as TVs abertas, infelizmente... o que é assunto para outro post, obviamente) - sobre a série CSI que dizia ser o programa mais assistido do mundo e milhões de reflexões me vieram na mente, especialmente porque amo o programa e realmente faço parte da audiência dele, mas também porque inevitavelmente minha mente com tendências sociológicas tentou buscar uma resposta para esse fenômeno, e juro que meu HD interno encontrou rapidamente os motivos que levam esse programa ser o de maior audiência do mundo... isto é, se realmente for, porque de fato não fui pesquisar a fundo se essa notícia é verdadeira, a reflexão me bastou e era apenas isso que eu queria... o fato é que analisando o contexto disso é impossível não reconhecer que trata-se de um programa de perícia técnica investigativa bem no estilo nacionalista dos Estados Unidos, com tecnologia que nem a NASA tem ainda e que em segundos os profissionais da dedução conseguem descobrir quem foi o criminoso, aonde e porquê... afinal além de peritos CSI, eles são sociólogos, filósofos, psicólogos que não tem casa e que dedicam a vida aos laboratórios de análise, bem diferente da realidade que conhecemos ao estilo brasileiro de ser policial, que no fim das contas é culpa de nossa ausência de estrutura e ausência de investimento, e que resulta em uma polícia técnica de certa forma despreparada... pois bem, o importante na reflexão não é a comparação entre a polícia técnica norteamericana e a brasileira, mas sim o fato de que esse programa é assim esse boom de audiência pela nossa carência de resultados objetivos para a violência... creio que somos viciados em CSI porque queríamos que na “vida real” tivéssemos todo aquele aparato tecnológico e toda aquela estrutura política em que todos os casos são absolutamente resolvidos e a justiça é fundamentalmente feita... estamos carentes de justiça, essa é a verdade, e saber que a audiência do programa é mundial nos mostra que isso é um sentimento global que não se resume à violência brasileira das ruas... o mundo carece de ver crimes com solução, como se isso tivesse o dom de diminuir a agressividade do ser humano e trazer paz... ficamos imensamente satisfeitos no fim dos episódios quando finalmente o bandido inescrupuloso é preso.. ficamos com um sorriso de canto de boca quando logo nos primeiros minutos da cena dos crimes os CSI já sabem como aconteceu, aonde, porque, quem foi e onde o tal criminoso está... CSI passa um sentimento de “punidade” bem diferente do que sentimos no dia-a-dia quando sequer temos certeza se o autor de determinando delito será descoberto e se for, não temos certeza se será condenado, e se for, não temos certeza se será preso, e se for, não temos certeza se ficará na cadeia... e quanto à polícia... ah! Sobre isso temos muito a falar... hoje, pelas surfadas cibernéticas me deparei com a cena de um policial jogando spray de pimenta em um cão nas ruas de alguma cidade grande, provavelmente São Paulo, e é impossível não dizer que temos uma polícia real desumana, estúpida e corrupta que não está nem de longe apta a cumprir sequer seu papel de proteger nossa sociedade, quem dirá de ser heróis de verdade em busca de justiça e paz... também por isso CSI ganha disparado em audiência, por lá temos policiais honestos, cheios de senso de justiça e loucos pelo cumprimento de seu dever, o que faz nascer em nós um imenso sentimento de humanidade... por lá qualquer um que se digne a invocar a corrupção para fazer par logo é expulso da academia quando não é morto pelas redes investigativas em alguma operação de resgate da honra... enfim, nessa perspectiva televisiva, depreende-se que está no imaginário atual o senso de justiça, como se os heróis ainda existissem, é a ânsia pelo heroísmo, é um bom sinal na verdade, de que ainda queremos acreditar na honra, nos valores, na luta pela justiça e pela paz dos heróis urbanos vestidos de policiais... enquanto não vemos essa realidade estampada em nosso jornais diários... damos audiência a programas que pregam essa verdade... é o reflexo de nossa carência pelo justo, e nossa crença pela moral e pela honra que ainda temos como utopia dos dias. é brincar de polícia e ladrão, sendo o policial da brincadeira que sempre prende o bandido...ufa! ainda temos salvação! sob meu ponto de vista essa ânsia por herois urbanos em séries policiais tem como fundo nosso lado "el justicero" e ao mesmo tempo que enxertamos o bolso de alguém com audiência de TVs fechadas trazidas para as abertas volta e meia e cujo teor televisivo seja menos cult que uma TV educativa, saber que esse tipo de telenovela seriada é sucesso mundial me faz acreditar que ainda temos um resquício de senso de justiça e algumas gotas do perfil de guerreiros da paz dentro de nós... isso também tem uma grande relação com os super herois de quadrinhos, na verdade, são eles repaginados, para adultos... sem super poderes, com super tecnologia... fazendo justiça pelas próprias mãos em nome da lei. 
 

0 comentários:

Postar um comentário