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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ypsilons, betas e o Grande Olho

 


... porque me faz pensar na ideia da sociedade do hiperconsumo, em Marcuse, dizer que se você não produz lustrosos sorrisos não se enquadra no perfil social valorizável... se você não estiver sempre de bom humor, e sua vida não for límpida, com lacinhos coloridos e lindas histórias pra contar, sem erros, desajustes, sem histórias de bêbados e hérois de rua, vocÊ simplesmente não merece fazer parte da sociedade... que finge uma beleza inalcançável... estética, sexuada, cheia de farsas e débeis integrantes que te cobram felicidade o tempo todo.
Ser triste não é in... ter problemas não é cool... e se você tiver problemas deve postar isso no seu facebook com dizeres de Caio Fernando Abreu que agora virou, junto com Clarice Lispector, as putas da internet... todo mundo, mesmo aquele que nunca leu Morangos Mofados acha que Caio são aquelas frases... tudo bem... eu até acho que misturar Caio e Clarice a bandas Calipso nos post cibernéticos seja algo bastante..., digamos, eclético...
O que sinto inaceitável é essa necessidade de felicidade comprada, de ser bonito, feliz, rico, e porque não dizer descolado??? Vejo tudo isso como uma docilização, um controle... Foucault era um gênio, então???? É... parece que sim... de certo que previra essa massificação barata, aliás, cara, muito cara... totalmente capitalista... uma manipulação criando corpos inúteis e entupindo o mundo de imbecilidades... ah! Orwell, Huxley... profetas sociais???? Ypsilons, betas e o grande olho, tudo junto em pleno natal do século XXI...
E a sociedade fica a procura de respostas, de felicidade, de alívios imediatos... fazendo crescer uma ansiedade visceral de uma gente que não se sente inserido porque não se enquadra nos perfis dispostos... vemos por todo lado gente em busca de saída pra si mesmo sem conseguir olhar para si... sem conseguir se encarar frente ao espelho mesmo porque sequer já tentou algum dia, afinal, enquanto se está se enfrentando a si mesmo, não se pode estar sorrindo e tirando fotos, ou indo em alguma festa idiota... é um momento pra si. Ninguém quer momentos consigo mesmo... consideram triste estar só.
Essa ansiedade por felicidade gera zilhões de pseudo-ilusões que forçam os indivíduos a se sentirem outsiders se não forem como mostra a TV... essa mídia estúpida que ganha dinheiro expondo a vida alheia de duas formas radicais... na primeira as ricas e bonitas celebridades com uma vida de telenovela onde só se vê picuinha e vazio... do outro lado a pobreza, a violência, como a parte podre da humanidade... a mendicância inalterada... os tristes forasteiros sem saída, ora chamados de coitados, ora de monstros... e ninguém quer ser igual a eles, nem eles mesmos, e quando são agem de duas formas: ou se assumem coitados ou monstros...
É o que a sociedade pensa de você como fenômeno social que te diz quem você é... é o labelling approach, a teoria do etiquetamento... é a rotulação social...
É a ansiedade pela felicidade na sua gênese... a repressão da liberdade... o não poder ser quem se é de verdade... a necessidade oblíqua de ser quem a sociedade quer... do contrário a vida fica vazia... sem nexo... sem porquê... e você vira ninguém...



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