Pages

quarta-feira, 23 de março de 2011

Pequenas lições diárias de uma pneumonia



Depois de duas semanas de molho, alguns quilos a menos, muita febre e dor, pude ter a certeza de que pequenas lições nos são dadas todos os dias. E confesso que esta danada da pneumonia que me pegou me ensinou muitas coisas.
Primeiro: Ai que saudade da minha mãe! Como as mães são sábias farmacêuticas e médicas, fazem a melhor comida do mundo e ainda te enchem de mimo e carinho... Estou doente de saudade da minha...
Segundo: Escolhi o cara certo pra ficar ao meu lado, ninguém teria tanta paciência (depois da minha mãe, é claro!), ninguém seria tão amoroso e cuidadoso. Ele realmente me deixou ainda mais apaixonada por seus dotes culinários de cardápio pra gente doente, por seus carinhos de madrugada acordada, por suas brigas me mandando tomar o remédio ou fazer a tal inalação.
Terceiro: Eu amo meu trabalho. Estou sentindo uma tremenda falta da correria de todo dia. Dos almoços corridos e das seis horas diárias de processos, ar-condicionado congelante e muitas leis. A coisa tá tão séria que to me sentindo culpada de não ir, embora esteja de atestado médico e esteja sendo obrigada a faltar diante da gravidade da doença que é a pneumonia. O fato é que trabalhar nos faz sentir realmente útil e eu estou me sentindo um pouco mais vazia por não estar indo, ao mesmo tempo que estou amando poder ficar em casa, curtir meus gatinhos e cuidar de verdade da minha casinha.
Quarta: Mais uma vez fui vítima de erro médico, na verdade "erro médica", que me diagnosticou como se eu tivesse com virose deixando que a infecção tomasse conta do meu pulmão mais uma vez. Se bem que virose é mais parecido com pneumonia do que infecção urinária como o médico diagnosticou da outra vez. A sorte é que da outra vez o médico passou um antibiótico de largo espectro que tratou a infecção pulmonar. Dessa vez, que eu nem sei dizer se foi menos ruim, de tão ruim que foi, fiquei tomando um remedinho besta que atacou meu fígado e me fez vomitar mais do que quando a gente mistura vodka com cerveja e vinho. O bom é que finalmente passei por um médico decente que me pediu zilhões de exames e me fez ficar internada, aí sim o bicho pegou pra cima dessas bactérias fdasdKSFJHGDAJHFGSDGFHSGKDSJHGFXXX23982479765.
Overdose de lições...
Ok. Eu não vou ficar enumerando todas elas. Obviamente que se fôssemos enumerar as aprendizagens de duas semanas de férias obrigatórias, não tão prazerosas assim, 1.000 linhas seriam pouco, mas as lições mais importantes vieram de poder estar em conexão comigo mesma, dar um chiliquinho básico de fim de doença e ainda poder refletir o quanto é importante termos saúde.
É isso, a minha maior lição foi essa. Estar vivo me parece muito mais legal e atraente do que ir embora dessa existência por causa de seja lá o que for.
Durante esses dias, e diante de toda a dor que eu estava sentindo, me peguei muitas vezes pensando o quanto a vida é frágil, o quanto estamos suscetíveis à morte e o quanto é especial estar vivo. Pode parecer exagero, mas pra quem já está na segunda pneumonia em mais ou menos quatro meses, vai dando um medinho de não estar aqui pra contar como foi nunca mais pegar a maldita. Ainda mais depois de notícias de conhecidos que morreram da doença ou que estão na UTI.
Hoje, depois de um dia inteirinho em casa de molho, fazendo as coisas mais fúteis do universo como ficar na internet, ou fazer coisas boas como ler um pouquinho sobre George Gurvith ou ouvir Os Mutantes, só posso agradecer por ter mais um dia, por ter mais vários dias, por existir, por estar viva e ser tão feliz, ter a família maravilhosa que eu tenho, com irmã e mãe ligando quase que toda hora preocupadas, e por ter podido escolher para estar ao meu lado um cara que é capaz de reconhecer quando o choro é de dor e não de exagero.
O fato é que me sinto muitíssimo honrada por estar aqui agora, sentada na minha cama escrevendo, viva, feliz e finalmente livre da pneumonia (quer dizer, amanhã é dia de médico, veremos se já está tudo em ordem)...
A questão é que a vida traz coisas muito, muito, muito boas e coisas ruins como ficar muito doente e mal poder tomar o próprio banho, mas de todas elas há que haver um motivo, há que haver um aprendizado, há que haver uma coisa boa.
A minha coisa boa é que posso valorizar ainda mais as pouquíssimas pessoas que estão do meu lado, e posso ficar muito, muito, mas muito mesmo feliz de estar viva e de ter saúde.
Não pude deixar de pensar nas pessoas que eu conheço que tem alguma doença grave e que me parecem as mais felizes do mundo como minha amiga Fran, por exemplo, que tem um tipo raro de lupus e foi até embora aqui da cidadícula pra ficar mais perto do hospital aonde faz tratamento. Ela é, eu acho, a pessoa mais feliz que eu conheço. Acho que pude descobrir que pra ela, estar vivo é o grande motivo, não precisa haver mais nada. Não precisa de mais nada. Esse é o presente: ESTAR VIVO!
Também pensei muito em o quanto nossa vida é frágil, e prometo tomar vitaminas todos os dias a partir de agora, e comer bem e não pegar chuva e me cuidar pra valer. Eu ainda vou ficar doente algumas vezes, eu acho, mas não quero de jeito nenhum que a culpa seja minha. Isso é uma puta falta de respeito com esse presente que nos foi dado: a vida.
Bom, pra mim é o seguinte: de pneumonia já chega.
To com um medinho danado e quero mais é cuidar ainda mais de mim, da minha vida, dos meus e da minha saúde.São as pequenas lições diárias de uma pneumonia. 

1 comentários:

Unknown disse...

Bom eu trabalho em uma marcenaria, imagine o pó, e depois de 2 meses de medicos me dizendo que eu estava com sinusite, foi diagnosticada com pneumonia, e o medico não me deu atestado, oque faço, se por causa do cheiro forte de cola me sinto muito mau???? At, Paula

Postar um comentário