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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dizer!!!

Como que numa rotina necessária, todos os dias possíveis e formais abro meus e-mails, respondo os necessários, leio os jornais do dia, os online é claro, enfim, cumpro as formalidades...
Obviamente que não vejo a cotação do dólar, mesmo porque, embora isso influencie muito na minha vida porque interfere nos nossos impostos, não sou uma adepta das teorias mercantilistas, e se pudesse viveria sem sequer ouvir falar de dinheiro, até preciso rever meus conceitos acerca da economia do nosso país, mas confesso que de economia eu não entendo nada, nem ao menos como fazê-la...rs.
Mas leio coisas que me interessam e às vezes até me perco, de blog em blog, de site em site, no rizoma cybernético que é a internet.
Pois bem, ando lendo bastante, e encontrando frases maravilhosas, às vezes trechos de livros, pedacinhos de música, falas de filme, sempre encontro algo que me agrada e aplico na minha vida... sou adepta sim da palavra...
E hoje vi uma que me veio com tanta força que fui obrigada a finalmente escrever sobre algo que andou me tirando o sono há semanas atrás: tive uma crise existencial...rs.
Sempre que eu falo isso, as pessoas dão uma risadinha e esperam que eu vá dizer algo sobre auto-estima e felicidade ou algo semelhante. Não!!! Minha crise existencial é sobre felicidade sim, a profissional, mas minha auto-estima vai muitíssimo bem, obrigada. Aliás, nunca estive tão bem com ela, estamos tendo um relacionamento mais que amoroso...rs.
Na verdade minha crise existencial era sobre minha vida profissional. Sempre tive a sensação de que recém-formados são ex-estagiários, ex-unviersitários, ex-estudantes, ex-felizes...rs.
Pra mim, é como se a formatura fosse uma ruptura do vínculo acadêmico e um vácuo entre a futura vida profissional e a vida universitária... Ainda penso assim, porque dificilmente nos deparamos com recém-formados ganhando fortunas, ou estabilizados profissionalmente, na verdade quando isso ocorre ou adveio de algum investimento iniciado ainda na universidade (como casamentos por interesse por exemplo kkkk), ou o cara é um gênio, ou um baita sortudo, ou um exemplo de dedicação...
Então, como não sou nenhum gênio nem um exemplo de dedicação e disciplina, e minha sorte, embora das boas, certamente não vai depositar dinheiro na minha conta, e meus investimentos universitários se resumem ao intelectual... Surtei...
Comecei a achar que a minha formatura iria preceder o fim dos tempos de alegria...rs.
Fiquei neurótica, pensando que decisões tomar pra dar o rumo certo à minha vida...
Confesso que uma das coisas que mais me atormentam pro bem e pro mal, é minha intensa auto-análise... pro bem porque me conheço profundamente... e pro mal porque só paro de pensar nas coisas depois de muitíssimo bem resolvidas... não sou mulher de deixar pendências nem na vida afetiva... gosto das coisas muito bem esclarecidas... então minha tormenta de vida futura me atazanou por dias e dias...
Até que o obvio me veio de repente, inevitavelmente...
Os últimos anos da minha vida foram decisivos pra eu pudesse constatar quais eram os dons que eu carregaria comigo pra sempre, descobri que pra mim, a palavra, a letra faz mais sentido do que para a maioria... Percebi que a arte cênica, a fala, a voz me eram predominantes...
Me vi escrevendo sobre coisas e sobre o nada... Remeti aos anos de ensino médio quando o a cartinha do ENEM chegava em minha casa pra informar notas altíssimas na redação...
Fiz a constatação surreal de que qualquer coisa que eu escolhesse pra fazer da minha vida teria que me dar a possibilidade da fala, da palavra, da letra...
Sempre quis tocar instrumentos, a arte pra mim era o que conduzia a minha fé, aliás ainda é...Mas nunca tive muita paciência de aprender a tocar nada, e minha voz como cantora, é o ó...rs, embora eu adore cantar... principalmente com Mr. Cat quando estamos naqueles momentos bêbados equilibristas...rs.
De que maneira então eu poderia viver de arte????
Finalmente eu percebi que escrever é um dom, é para raros e poucos, é um exercício de desdizer o dito, de viver em palavras o que se tem no coração... e coração é o que eu mais tenho...
Estou definitivamente certa de que seja lá o que for que eu vá fazer, tem que ter a palavra, porque ela, pra mim, é meu jeito de ter o mundo em minhas mãos...
Eu jamais conseguiria passar horas a fio estudando todos os dias pra passar num desses concursos milionários... embora o dinheiro seja um grande atrativo nesse mundo canibal de economia capitalista...Eu jamais seria feliz ficando atrás de uma mesa 8 horas do meu dia...
Eu jamais seria feliz sem poder dizer o que eu penso e eu sinto sem precisar citar jurisprudências...
O direito foi minha escolha, e agora é minha vida, entretanto, fundamentalmente não há nada mais importante pra mim que ser feliz, e minha felicidade profissional está muito mais voltada a explorar essa minha paixão pela letra do que explorar a população com os salários exorbitantes sendo um jurista qualquer...
Posso não ganhar rios de dinheiro futuramente, mas certamente, sem qualquer dúvida serei a pessoa mais feliz desse mundo se eu puder ser um profissional que faz o que ama, e o que eu amo é escrever, ler, estudar, conhecer... seja o direito, seja a história, seja a filosofia, a sociologia... não importa... As ciências do homem me fascinam, me encantam, e eu jamais poderia viver sem esse encanto como combustível.
Então, quando eu vi essa frase, achei que Carlos Drummond quando a escreveu só poderia estar falando de mim...:

"As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra."


Definitivamente o tumulto que há em mim precisa da palavra pra extravasar, precisa do grito pra sussurrar idéias, precisa da letra pra estar vivo!
E eu quero viver do que me faz feliz, completa, eu quero viver do exercício do DIZER!!!



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