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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Estrelas

"Acordou e se olhou e não era mais a mesma.
Tinha agora menos carne, estava mais fina e leve, mas também mais velha...
Viu que seu olhar era agora diferente e que seus lábios tornaram-se almofadas de palavras bem mais doces que dantes.
Perdera todo o medo do futuro, passara a ouvir a voz de dentro e agora se sentia até mais alta, mais longilínea... tinha até uma armadura brilhante de força e ternura.
Ela sabia agora que chorar não era fraqueza.
Sabia também que amava a vida por inteiro e que metades não lhe apeteciam.
E ela se deixou ser. Finalmente era ela. E foi inteira, vestida de desejos e anseios, armada de temores e dúvidas, olhos brilhantes e sorriso nos lábios.
podia-se ouvir o bater de seu coração, e também seus mantras soprados como numa evocação. Era espírito.
Era alma.
Era presença.
Estava certa do caminho que escolhera e sabia que poderia desbravar terras... horizontes...
Tinha coragem pra ir pra qualquer galáxia...
E não se esconderia nunca mais sob máscaras e subterfúgios.
Sabia também que nem todos conseguem ver, nem querer olhar...
Agora ela podia compreender pois abrira sua alma.
Não se parecia mais com a menina de rompantes e bochechas de outrora.
Agora era serena. Segura, isso sempre fora, mas agora o é ainda mais.
Agora era luz, e sabia exatamente o que era amor.
Podia pegar as estrelas que quisesse apenas esticando os braços
e borboletas voavam em sua homenagem.
Não voltaria no tempo para consertar os equívocos, não voltaria para a inocência que tinha  
Tudo o que fora ainda nela prosseguia. De alguma forma ainda era ela.
Mas podia agora ver suas feridas, algumas cicatrizadas, outras não... Todas indolores agora... porque via os erros, corados de vergonha e ainda esperando perdão... Mas sabia que fora isso que a fizera tão grande.
Viu a criança e viu a mulher, cheia de novos sonhos e novas vontades e novos receios, mas estava pronta para viver.
Cada passo, cada gesto, cada escolha, cada olhar e cada sílaba eram conscientes, ecoavam no seu corpo. Cada sensação era um milagre. Cada pequeno mistério resolvido era uma grande vitória.
E podia o mundo. E conquistaria todos os planetas...
Porque agora sabia o que era felicidade!"

(me.)


Completando mais um ciclo da bela vida estrelada que escolhi.
Feliz como o quê!

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