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terça-feira, 2 de março de 2010

Espaço Lírico

Não amo o espaço que o meu corpo ocupa

Num jardim público, num estribo de bonde.

Mas o espaço que mora em mim, luz interior.

Um espaço que é meu como uma flor


Que me nasceu por dentro, entre paredes.

Nutrido à custa de secretas sedes.

Que é a forma? Não o simples adorno.

Não o corpo habitando o espaço, mas o espaço

Dentro do meu perfil, do meu contorno.

Que haja em mim um chão vivo em cada passo

(mesmo nas horas mais obscuras) para

Que eu possa amar a todas as criaturas.

Morte: retorno ao incriado.

Espaço: Virgindade do tempo em campo verde.

(Cassiano Ricardo)

Porque às vezes algumas pessoas conseguem transcever o que sentimos sem sequer temos contado a elas...  

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