quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Mulher Desdobrável
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
Já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
(Adélia Prado)
Ah, se sou...
E ando desdobrando-me em mais do que pensei ser capaz... estudante de manhã, e daquelas meio Nerds e tudo... estagiária, psicóloga, assistente social e jurídica à tarde... atendendo zilhões de pessoas com um amor tão grande que nem sabia ser meu... esportista às 2.ªs, 4.ªs e 6.ªs, malhando horrores e criando massa mais rápido do que menino tomando bomba... às 3.ªs e 5.ªs, a sagrada prática religiosa incrivelmente completa e forte... aos sábados o dia dedicado à fé... os domingos dedicados a mim... e dentre tudo isso recheio de livros no sofá... artigos que estão na gaveta gritando pra sair... a casa sempre limpa e roupas a lavar... meus filhos felinos e caninos a amar... alguns segredos, impossíveis de contar e um grande amor pra cuidar...
Mulher é desdobrável... Eu sou!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário